Em tempos de excesso de fórmulas, The Opera! chega como um sopro grandioso e refrescante — um filme que não apenas conta uma história, mas transborda arte em cada frame. Dirigido por Davide Livermore e Paolo Gep Cucco, o longa é uma fusão arrebatadora de ópera, cinema e moda, inspirado no mito de Orfeu e Eurídice. Mas não espere algo clássico: aqui, tudo é estilizado, exagerado e maravilhosamente dramático — e é isso que o torna tão único.
Logo de cara, o longa já nos transporta para um universo onde tudo pulsa arte. A história começa no dia do casamento de Orfeu (Valentino Buzza) e Eurídice (Mariam Battistelli), interrompido por um disparo fatal. Em luto, Orfeu mergulha em uma travessia pelo submundo — aqui estilizado como o Hotel Hades, um espaço etéreo e surreal que é tão personagem quanto os próprios protagonistas.
A história de um amor que desafia a morte
O enredo parte do casamento de Orfeu (o tenor Valentino Buzza) e Eurídice (a soprano Mariam Battistelli), interrompido de forma trágica. Consumido pelo luto, Orfeu mergulha em uma jornada ao submundo — retratado aqui como o glamouroso e misterioso Hotel Hades — para tentar trazer sua amada de volta. Seu guia é ninguém menos que Caronte, vivido por um delicioso Vincent Cassel, que aqui surge como um motorista de táxi espirituoso e elegante.
Moda como personagem
É impossível falar de The Opera! sem destacar a parceria com Dolce & Gabbana. Os figurinos são um espetáculo à parte: ricos em textura, drama e conceito, elevam cada cena a um desfile cinematográfico. Em um filme onde emoção e estética caminham juntas, a moda assume o papel de protagonista. Ela fala, sente, respira junto com os personagens — e nunca passa despercebida.
Um filme que grita arte
Visualmente, The Opera! é hipnótico. Com cenários que evocam o surrealismo de Giorgio de Chirico, uma fotografia que mistura sombra, brilho e melancolia, e movimentos de câmera que quase dançam com a música, o filme é pura pintura em movimento. A trilha sonora costura árias de Verdi, Gluck e Puccini com surpresas pop como “The Power of Love” do Frankie Goes to Hollywood — criando uma experiência sonora rica e moderna.
Atuação: entre o canto e o carisma
Buzza e Battistelli entregam interpretações vocais impecáveis — afinal, são cantores líricos consagrados. Como atores, têm seus momentos mais contidos, o que pode soar engessado para espectadores acostumados com performances cinematográficas. No entanto, Vincent Cassel rouba a cena: cínico, magnético e espirituoso, ele injeta humor e ritmo em uma trama carregada de tragédia e paixão. Seu Caronte é um respiro necessário, com falas afiadas e presença de cena que equilibra o excesso dramático com leveza.
Amor, arte e ironia
O filme, apesar do peso da morte e da dor, exala vida. É uma obra que acredita no poder transformador da arte — e que sabe rir de si mesma. Em meio à grandiosidade, há momentos de humor inteligente e ironia visual, que tornam a jornada de Orfeu menos sisuda e mais acessível. Um filme que se leva a sério, mas não se prende a uma única linguagem: ele flerta com o kitsch, o barroco, o fashion film e a videoarte com a mesma desenvoltura.
🎬 No Brasil, The Opera! está em cartaz exclusivamente dentro da programação do Festival Imovision de Cinema Europeu, uma oportunidade imperdível para viver essa experiência no cinema — do jeito que ela merece ser sentida.
Outras postagens
Fernanda Torres e “Ainda Estou Aqui” são Indicados ao Globo de Ouro 2025
Wicked bate novo recorde nas bilheterias americanas
Théo Medon celebra papel ao lado de Carolina Dieckmann em “Pequenas Criaturas”